VINHO BOM
José Antonio PagolaJesus sempre foi conhecido como o fundador do Cristianismo. Hoje, porém, começa a surgir outra atitude: Jesus é de todos, não apenas dos cristãos. A Sua vida e a Sua mensagem são patrimônio da humanidade.
Ninguém no Ocidente teve um poder tão grande sobre os corações. Ninguém expressou, melhor do que ele, as preocupações e dúvidas do ser humano. Ninguém despertou tantas esperanças. Ninguém jamais comunicou uma experiência tão saudável de Deus sem projetar, sobre ele, ambições, medos e fantasmas. Ninguém se aproximou da dor humana de maneira tão profunda e cativante. Ninguém abriu uma esperança tão firme perante o mistério da morte e da finitude humana.
Dois mil anos nos separam de Jesus, mas a sua pessoa e a sua mensagem continuam a atrair muitos. É verdade que interessa pouco em alguns ambientes, mas também é certo que a passagem do tempo não apagou a sua força sedutora nem abafou o eco de sua palavra.
Hoje, quando as ideologias e as religiões experimentam uma crise profunda, a figura de Jesus escapa de toda a doutrina e transcende toda a religião, para convidar diretamente os homens e mulheres de hoje a uma vida mais digna, feliz e esperançosa.
Os primeiros cristãos experimentaram Jesus como a fonte de uma nova vida. Dele recebiam um fôlego diferente para viver. Sem ele, tudo se tornava novamente seco, estéril, apagado. O evangelista João relacta o episódio das bodas de Caná para apresentar simbolicamente Jesus como o portador de um «vinho bom» capaz de reavivar o espírito.
Hoje Jesus pode ser hoje o fermento de uma nova humanidade. A sua vida, a sua mensagem e a sua pessoa convidam a inventar novas formas de vida saudável. Ele pode inspirar caminhos mais humanos numa sociedade que procura o bem-estar, sufocando o espírito e matando a compaixão. Ele pode despertar o gosto por uma vida mais humana em pessoas vazias de interioridade, pobres de amor e necessitadas de esperança.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Pérez
Publicado en www.gruposdejesus.com