ACOLHER A VIDA
José Antonio PagolaFalar do «Espírito Santo» é falar do que podemos experimentar de Deus em nós. O «Espírito» é Deus actuando nas nossas vidas: a força, a luz, o alento, a paz, o consolo, o fogo que podemos experimentar em nós mesmos e cuja origem final está em Deus, fonte de toda a vida.
Esta ação de Deus em nós produz-se quase sempre de forma discreta, silenciosa e tranquila; o próprio crente só intui uma presença quase impercetível. Por vezes, porém, invade-nos a certeza, a alegria transbordante e a confiança total: Deus existe, ama-nos, tudo é possível, até mesmo a vida eterna.
O sinal mais claro da ação do Espírito é a vida. Deus está ali onde a vida desperta e cresce, onde se comunica e expande. O Espírito Santo é sempre «dador de vida»: dilata o coração, ressuscita o que está morto em nós, desperta o adormecido, põe em movimento o que tinha ficado bloqueado. De Deus estamos sempre a receber «nova energia para a vida» (Jürgen Moltmann).
Esta ação recreadora de Deus não se reduz apenas a «experiências íntimas da alma». Penetra em todos os estratos da pessoa. Desperta os nossos sentidos, vivifica o corpo e reaviva a nossa capacidade de amar. Para dizer brevemente, o Espírito conduz a pessoa a viver tudo de forma diferente: desde uma verdade mais funda, desde uma maior confiança, de um amor mais desinteressado.
Para muitos, a experiência fundamental é o amor de Deus, e dizem-no com uma frase simples: «Deus ama-me». Essa experiência restaura a sua dignidade indestrutível, dá-lhes força para se erguerem da humilhação ou do desânimo, ajuda-os a encontrar o melhor de si mesmos.
Outros não pronunciam a palavra «Deus», mas experimentam uma «confiança fundamental» que os faz amar a vida apesar de tudo, enfrentar os problemas com ânimo, procurar sempre o bem para todos. Ninguém vive privado do Espírito de Deus. Está em todos eles atraindo o nosso ser para a vida. Acolhemos o «Espírito Santo» quando acolhemos a vida. Esta é uma das mensagens mais básicas da festa cristã do Pentecostes.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Pérez
Publicado en www.gruposdejesus.com