SEGUIR JESUS
José Antonio PagolaDois discípulos, guiados pelo Baptista, começam a seguir Jesus. Durante um certo tempo caminham atrás dele em silêncio. Não houve ainda um verdadeiro contato. De repente, Jesus volta-se e faz uma pergunta decisiva: «Que procurais?» Que esperais de mim?
Eles respondem-lhe com outra pergunta: Rabino, «onde viveis?», qual é o segredo da vossa vida?, de onde vindes?, que é para vós viver? Jesus responde-lhes: «Vinde e vereis». Fazei vós mesmos a experiência. Não procureis outras informações. Vinde conviver comigo. Descobrireis quem sou e como posso transformar a vossa vida.
Este pequeno diálogo pode lançar mais luz sobre o essencial da fé cristã do que muitas palavras complicadas. Em definitivo, o que é decisivo para ser cristão?
Em primeiro lugar, procurar. Quando não se procura nada na vida e se contenta em «sobreviver» ou em ser alguém «que vai vivendo», não é possível encontrar-se com Jesus. A melhor maneira de não entender nada sobre a fé cristã é não ter interesse em viver de forma acertada.
O importante não é procurar algo, mas sim procurar alguém. Não vamos descartar nada. Se um dia sentimos que a pessoa de Jesus nos «toca», é o momento de nos deixarmos alcançar por Ele, sem resistências nem reservas. Devemos esquecer convicções e dúvidas, doutrinas e esquemas. Não nos é pedido que sejamos mais religiosos ou mais piedosos. Apenas que o sigamos.
Não se trata de conhecer coisas sobre Jesus, mas de sintonizar com ele, interiorizar as suas atitudes fundamentais e experimentar que a sua pessoa nos faz bem, reaviva o nosso espírito e nos infunda força e esperança para viver. Quando isso se produz, começamos a dar conta do quão pouco que se acreditava nele, o quão mal se tinha entendido quase tudo.
Mas o decisivo para ser cristão é tentar viver como ele vivia, mesmo que seja de forma pobre e simples. Acreditar no que ele acreditou, dar importância ao que ele dava, interessar-se pelo que ele se interessou. Olhar a vida como ele olhava, tratar as pessoas como ele as tratou: escutar, acolher e acompanhar como ele fazia. Confiar em Deus como ele confiava, orar como ele orava, contagiar esperança como ele a contagiava. Que se sente quando se tenta viver assim? Não é isto aprender a viver?
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Pérez
Publicado en www.gruposdejesus.com