A PAIXÃO QUE ANIMOU JESUS
José Antonio PagolaEm rigor, Jesus não ensinou uma «doutrina religiosa» para os seus discípulos aprenderem e a difundirem corretamente. Pelo contrário, Jesus anuncia um «acontecimento» que pede para ser acolhido, pois pode mudar tudo. Ele já o está a experimentar: «Deus está a entrar na vida com a sua força salvadora. «Temos de abrir espaço para ele».
Segundo o evangelho mais antigo, Jesus proclamava esta Boa Nova de Deus: «Cumpriu-se o prazo. Está próximo o reino de Deus. Convertei-vos e acreditai na Boa Nova». É um bom resumo da mensagem de Jesus: «Aproxima-se um tempo novo. Deus não nos quer deixar sozinhos diante dos nossos problemas e desafios. Quer construir junto connosco uma vida mais humana. Mudai a forma de pensar e agir. Vivei acreditando nesta Boa Nova».
Os especialistas pensam que o que Jesus chama de «reino de Deus» é o coração da sua mensagem e a paixão que alimenta toda a sua vida. O surpreendente é que Jesus nunca explica diretamente em que consiste o «reino de Deus». O que faz é sugerir em parábolas inesquecíveis como age Deus e como seria a vida se existissem pessoas que agissem como ele.
Para Jesus, o «reino de Deus» é a vida tal como Deus a quer construir. Esse era o fogo que levava dentro de si: como seria a vida no Império se em Roma reinasse Deus e não Tibério? Como mudariam as coisas se não se imitasse Tibério, que só procurava poder, riqueza e honra, mas Deus?, que pede justiça e compaixão para os últimos?
Como seria a vida nas aldeias da Galiléia se em Tiberíades reinasse Deus e não Antipas? Como mudaria tudo se toda a gente se parecesse não com os grandes latifundiários, que exploram os camponeses, mas com Deus, que os quer ver a comer e não a morrer de fome?
Para Jesus, o reino de Deus não é um sonho. É o projeto que Deus quer realizar no mundo. É o único objetivo que devem ter os seus seguidores. Como seria a Igreja se se dedicasse apenas a construir a vida como a quer Deus, e não como querem os donos do mundo? Como seríamos nós, cristãos, se vivêssemos convertendo-nos ao reino de Deus? Como lutaríamos pelo «pão de cada dia» para cada ser humano? Como gritaríamos: «Venha o teu reino»?
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Pérez
Publicado en www.gruposdejesus.com