PAIXÃO PELA VIDA
José Antonio PagolaOnde está Jesus, cresce a vida. Isso é o que descobre com alegria quem percorre as queridas páginas do evangelista Marcos e se encontra com esse Jesus que cura os doentes, acolhe os desamparados, cura os loucos e perdoa os pecadores.
Onde está Jesus há amor à vida, interesse pelos que sofrem, paixão pela libertação de todo mal. Nunca se deveria esquecer que a primeira imagem que os relatos evangélicos nos oferecem é a de um Jesus que cura. Um homem que espalha vida e restaura o que está doente.
Por isso encontramos sempre ao seu redor a miséria da humanidade: possuídos, doentes, paralíticos, leprosos, cegos, surdos. Homens que não têm vida; «aqueles que estão no escuro», como diria Bertolt Brecht.
As curas de Jesus não resolveram praticamente nada na dolorosa história dos homens. A sua presença salvadora não resolveu os problemas. Temos de continuar a lutar contra o mal. Mas descobriram algo decisivo e esperançoso. Deus é amigo da vida e ama apaixonadamente a felicidade, a saúde, a alegria e a realização de seus filhos e filhas.
Inquieta ver com que facilidade nos habituamos à morte: a morte da natureza, destruída pela poluição industrial, a morte nas estradas, a morte pela violência, a morte daqueles que não chegaram a nascer, a morte das almas.
É insuportável observar com que indiferença ouvimos números aterradores que nos falam da morte de milhões de famintos no mundo, e com que passividade contemplamos a violência silenciosa, mas eficaz e constante, de estruturas injustas que mergulham os mais fracos na marginalização.
A dor e o sofrimento dos outros preocupam-nos pouco. Cada um parece interessar-se apenas pelos seus problemas, o seu bem-estar ou a sua segurança pessoal. A apatia vai-se apoderando de muitos. Corremos o risco de nos tornarmos cada vez mais incapazes de amar a vida e de vibrar com aqueles que não conseguem viver felizes.
Nós, crentes, não devemos esquecer que o amor cristão é sempre interesse pela vida, busca apaixonada pela felicidade do irmão. O amor cristão é a atitude que nasce naqueles que descobriram que Deus ama tão apaixonadamente a nossa vida que foi capaz de sofrer a nossa morte, para nos abrir as portas de uma vida eterna, partilhando para sempre o seu amor.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Pérez
Publicado en www.gruposdejesus.com