SENTADOS JUNTO AO CAMINHO
José Antonio PagolaNo seu início, o Cristianismo era conhecido como «o Caminho (Atos 18:25-26). Mais do que entrar numa nova religião, «tornar-se cristão» era encontrar o caminho acertado da vida, caminhando pelos passos de Jesus. Ser cristão significa para eles «seguir» Cristo. Isto é o fundamental, o decisivo.
Hoje as coisas mudaram. O Cristianismo conheceu durante estes vinte séculos um desenvolvimento doutrinário muito importante e gerou uma liturgia e um culto muito elaborado. Já há muito tempo que o cristianismo é considerado como uma religião.
Por isso não é estranho encontrar pessoas que se sentem cristãs simplesmente porque estão batizadas e cumprem os seus deveres religiosos, embora nunca tenham considerado a vida como um seguimento de Jesus Cristo. Este facto, bastante difundido hoje, teria sido inimaginável nos primeiros tempos do Cristianismo.
Esquecemos que ser cristãos significa «seguir» Jesus Cristo: mover-nos, dar passos, caminhar, construir a nossa vida seguindo as suas pegadas. O nosso cristianismo fica por vezes numa fé teórica e inoperante ou numa prática religiosa rotineira. Não transforma a nossa vida num seguir a Jesus.
Depois de vinte séculos, a maior contradição dos cristãos é fingir que o são mas sem seguir Jesus. Aceita-se a religião cristã (como se poderia aceitar outra), pois dá segurança e a tranquilidade diante do «desconhecido», mas não se entra na dinâmica do seguimento fiel a Cristo.
Estamos cegos e não vemos onde está o essencial da fé cristã. O episódio da cura do cego de Jericó é um convite a sair da nossa cegueira. No início do relato, Bartimeu «está sentado à beira do caminho». É um homem cego e desorientado, fora do caminho, sem capacidade de seguir Jesus. Curado da cegueira por Jesus, o cego não só recupera a luz, mas também se torna um verdadeiro «seguidor» do seu Mestre, pois, a partir daquele dia, «o seguiu pelo caminho». É a cura que precisamos.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Pérez
Publicado en www.gruposdejesus.com